sexta-feira, 22 de junho de 2007

A luta do MST pela recuperação ao direito a Terra

O Movimento dos Sem Terra (MST) empreende uma luta, que vem do nascedouro do capitalismo: a luta pela terra. Uma luta que tem seu protagonista e antagonista. De um lado o proprietário da terra e de outro o expropriado da terra. Este duelo foi analisado por K. MARX e sua maior obra O Capital . Uma analise criteriosa, minuciosa e que nos deixa estarrecidos. Muitas foram às interpretações favoráveis e contrarias aos seus textos. É uma luta de classes ou de ideologias? É uma luta pelo direito ou pela sua recuperação? As respostas podem ser encontradas na historia do movimento. Para entender esta historia utilizaremos primeiro do mergulho feito por MARX na expropriação dos camponeses. Uma expropriação que fez nascer o capitalismo. Que determinou quem dominaria e quem sofreria a dominação. Uma expropriação que modelou a forma a qual deveria agir o Estado. Uma expropriação que serve de inspiração ao MST.

O MST tem uma imagem perante a sociedade brasileira, que é uma junção entre aplausos e vaias. Os aplausos vêm dos movimentos sociais, que almejam uma democracia de verdade, que garanta direitos e deveres iguais. Vaias da minoria que detém o poder de manipulação e que fazem ecoar estas vaias e torna-las estrondosas na sociedade brasileira. A influência da mídia e alguns atos marcantes divulgados por esta, fortalece esta dualidade de imagem que o movimento apresenta. A ideologia do MST é um resgate ao direito perdido pelos camponeses expropriados no nascedouro do capitalismo. A terra é um bem da humanidade que deve ser partilhado por todos aqueles que necessitam dela para sobreviver. Alias, sua partilha também refere-se a equidade de direitos. O movimento revigora a discussão sobre a reforma agrária. Transforma a maneira de pensar da sociedade, mesmo que esta por vezes seja contraria ao movimento, influenciada pela opinião da classe dominante.

Ele resgata os anseios de uma maioria marginalizada, que não possuía uma visão de igualdade de direitos no longo prazo. Muda a forma de agir de um Estado inclinado aos seus influenciadores e que possuem o poder devido ao capital. Dá uma revigorada na organização cooperativista. Nos faz imaginar se na época da expropriação dos camponeses tratada por Marx, os mesmos tivessem a organização que o movimento possui, os impactos causados pelo capitalismo poderiam ser menores.

A análise marxista sobre a expropriação da Terra

O capitalismo surge quando as propriedades deixam de existir da forma que eram nos sistemas feudal. Classes sociais foram se extinguindo para que o capital pudesse ganhar os seus moldes. A classe de trabalhador que começa a perde a sua identidade, chegando a quase não existir hoje, é o camponês. Eram assalariados que trabalhavam para o seu sustento e que nas horas de lazer, para os grandes proprietários. Tinha seu pedaço de terra por direito, mesmo que estivessem no sistema de vassalagem. Entretanto, a nascer da burguesia, ávida por garantir seu espaço social, pois eram quem fazia circular os recursos e a economia, fez com que as terras camponesas diminuíssem. A relação fornecedor-produtor-vendedor foi a causa.

O Estado também foi um agente importante de mudança. Mas, um agente que escolheu defender os interesses de quem lhe traria maiores vantagens. Marx sequencia a deploração por qual passa o camponês, que tinha direito a 20 acres de terra e com sucessivas legislações, ele passa a contentar-se com 2 acres de terra anexos a sua propriedade. Com a diminuição do direito a subsistência, nasce o pauperismo assim como as políticas assistenciais.

Não só os camponeses, mas a Igreja Católica e o Estado perderam suas terras para os proprietários da mais valia. Logicamente que os que mais sofreram as conseqüências desta expropriação de terras foram os primeiros. Os outros dois articularam politicamente para ter amenizada a usurpação, provocados pelos capitalista burgueses, que “transformaram a terra em mero artigo de comercio”. Caem na Alemanha em igual período as terras comunais, antes institucionalizadas. Aumentam o número de arrendatários de pequenas terras, “com contratos anualmente rescindíveis, gente servil, dependente do arbítrio do grande proprietário “ e que eram essenciais para a circulação e criação do capital.

No transcorrer do período discutido por Marx, o relacionamento entre agricultura e terras comunais tornou-se uma vaga lembrança. Com a limpeza das propriedades o processo de expropriação dos camponeses chega ao seu auge. A limpeza consiste em varre das propriedades vestígios que outrora seres humanos a habitaram. Os trabalhadores agrícolas perdem os seus meios de subsistência alem de sua moradia. Para Marx todas essas ações são os que ele chama de métodos idílicos da acumulação primitiva de capital. Analisado o que o autor expõe e os ideais que moldam o MST, fica evidente que a não organização dos camponeses em grupos, e por sua ignorância em conhecer o contexto em que estavam inseridos, foi o fator chave para serem as vitimas fatais da expropriação das terras.

segunda-feira, 18 de junho de 2007

O planejamento governamental elaborado pensando na sustentabilidade local

As novas perspectivas de planejamento na esfera pública são afetadas por novos conceitos de desenvolvimento. O que catalisa mais discussões é o de desenvolvimento sustentável. Alguns o definem como sendo a nova salvação para garantir que o crescimento econômico não cause disparidades. Outros acham que a sua aplicabilidade é utópica. Entretanto, suas bases conceituais são norteadoras de ações governamentais que garantam os interesse de desenvolvimento e crescimento.

Agir localmente e pensar globalmente. Esse é o pressuposto que sustenta a idéia da municipalização como garantia de que as ações sejam feitas em vista do desenvolvimento. Assim, nasce a idéia do desenvolvimento local. Conforme o renomado entendido do assunto, Sérgio Buarque: “o desenvolvimento local requer alguma forma de mobilização e iniciativas a atores locais em torno de um projeto coletivo”. São os atores locais (população, empresas, instituições, dentre outros) que conhecem a realidade do município e podem orientar a formulação do planejamento local.

Vários são os modelos que usam técnicas de planejamento. Mas aquele que permite a junção dos grupos sociais e técnicos, como forma de explicar o confronto entre a negociação dos interesses com a racionalidade técnica, é o Diagnóstico Rápido Participativo. Nada melhor do que juntar o público-alvo do planejamento com os formuladores do mesmo.

Muito se discute acerca dos entraves na implementação de políticas públicas no Brasil. Seu processamento depende da reunião de esforços entre atores sociais beneficiados ou não com os programas governamentais e os técnicos responsáveis. Outrossim, as metodologias de avaliação de programas públicos permitem o feedback entre o que foi planejado e o que foi implementado.

Por fim, em vista do levantamento dos problemas e das potencialidades locais, o planejamento deve diminuir aqueles e alavancar estes. Uma das formas eficientes de conseguir este último pode se dar através do fortalecimento de Arranjos Produtivos Locais, que são redes de empresas que operam em uma determinada área geográfica e colaboram para conseguir maior eficiência e competitividade.

segunda-feira, 11 de junho de 2007

O impacto da TI na carga horária

A carga horária é totalmente atingida pela os benefícios trazidos pelas tecnologias da informação (TI). O aumento de produtividade se dá pelo aumento da eficiência do horário de trabalho. Não há mais a necessidade de o funcionário se dirigir ao local de trabalho para realizar suas tarefas. Ele as realiza de qualquer ponto do planeta, somente estando conectado ao ciberespaço através da TI. Entretanto, os malefícios trazidos se sobrepõem aos benefícios. A carga horária se estende ao convívio familiar. Laços afetivos são trocados pelo alcance das metas, que precisam de todo o tempo disponível do trabalhador, seja no local de trabalho ou fora dele. A nova ordem econômica acaba afetando a qualidade de vida do funcionário.

Os net slaves são os filhos dessa nova economia. São tratados como os iludidos das fantasias prometidas pela TI. E por estarem presos ao novo modelo de trabalho, eles são incapazes de esboçar uma reação. Se lutarem contra este novo modelo, podem ter seus postos de trabalho ocupados por outros, ou uma nova tecnologia que os substituam. Vivem em uma encruzilhada, que o caminho que for escolhido terá o mesmo fim psicopatológico.

As psicopatologias (como a depressão, o pânico, o estresse, dentre outros) ganham força neste novo mundo do trabalho. Consomem todo o potencial produtivo de quem por elas são afetadas. As organizações perdem tempo ao diagnosticar e tratar destas enfermidades. Ao invés de otimizar seu tempo produtivo, ela aumenta seu improdutivo. Devem preocupar-se, então, dos impactos causados pela TI na carga horária de seus funcionários.

quinta-feira, 7 de junho de 2007

A influência do ambiente de trabalho na Saúde Ocupacional

O ambiente de trabalho pode ser conceituado como a junção de pessoas e estrutura, que são indispensáveis para o alcance dos objetivos organizacionais. Este ambiente pode ter o caráter interno e externo. O interno é a próprio local do trabalho na empresa. O externo esta relacionado aos serviços a serem prestados fora do local de trabalho. Esta divisão possui características e forma diferentes de afetar a saúde dos funcionários.

Na nova economia, em que há destaque o trabalho cognitivo, a natureza do trabalho tornou-se uniforme. É trabalho uniforme ao se tratar de ergonomia, cuja perspectiva muda devido às tecnologias digitais. Advogados, técnicos de segurança, operadores de caixa, fazem o mesmo trabalho: todos eles digitam, estão sentados em frete ao computador e o utilizam, junto com o celular, para comunicar-se. Entretanto, a intensidade deste trabalho uniforme varia de acordo com as funções descritas nas atribuições de cada cargo. Há aqueles que são muitos repetitivos e que traz conseqüências a saúde física. E aqueles em que o contato com essa tecnologia é esporádico, mas que afetam a saúde mental.

O ambiente externo é muito mais intenso do que o interno. Nele o funcionário tem contato mais estreito com o público da organização e por vezes faz seu horário de trabalho estender-se além da carga horária descrita nas suas atribuições. As tecnologias digitais facilitam os processos de trabalho, porém podem trazer conseqüências ao funcionário no relacionamento com sua família, que se vê trocada por seu trabalho.

Hoje, o principal recurso a ser adquirido pelas organizações é o talento. Este está presente nas pessoas e é o que molda a competitividade das firmas. Para assegurar que as organizações o terão, estratégias de remuneração que o valorize são configuradas. Outro fator que ajuda às organizações a usufruir o talento das pessoas é a autonomia. A autonomia dada ao trabalhador lhe estimula ao comprometimento com o projeto da empresa. Porém, essa concepção muda a forma de caracterização dos trabalhadores. Ela acaba criando dois tipos de mão-de-obra: a genérica, aquela em que o trabalho pode ser flexibilizado e moldado pela tecnologia, e a autoprogramável, cuja natureza centra-se no cognitivismo do trabalhador. A perspectiva atual das empresas foca-se na necessidade de profissionais autoprogramáveis.

É essa complexidade que molda o ambiente de trabalho. Sua estrutura física e lógica transforma a forma que o trabalho é realizado. As relações interpessoais são estremecidas devido a esta nova configuração. As pessoas se sentem mais alienadas e sem uma perspectiva mais animadora. Essa complexidade ambiental é a causadora de enfermidades como depressão, estresse e a LER, que estão inseridas na saúde ocupacional.